domingo, 3 de abril de 2011

Melhorando o staccato na clarineta


O staccato é um elemento importantíssimo na expressão musical. Ele ajuda a indicar o caráter do que se está tocando e define melhor certas frases musicais e ritmos. Até o fim do século 18, os compositores não indicavam nenhuma articulação em suas partituras, dando ao músico total liberdade.
O staccato é feito quando interrompemos a vibração da palheta com a língua, encurtando o valor da nota. A língua funciona como uma válvula que controla o fluxo do ar que faz a palheta vibrar. Para que esse processo se dê de forma eficaz, deve-se usar a ponta da língua -firme- tocando a ponta da palheta. Evite deixar a língua mole ou tocar o meio da palheta, pois perde-se precisão e velocidade. O ideal é que ela permaneça bem próxima da ponta da palheta, sempre.
Boa parte dos clarinetistas sente "pavor" ao ver uma partitura em andamento rápido sem ligaduras, principalmente se houver muitos "pontinhos" sobre as notas. Para evitar o pânico, o ideal é manter um estudo voltado para superar essa dificuldade. A primeira coisa a se fazer é estudar o staccato lentamente, prestando atenção se eles saem todos com uma mesma intensidade e com a mesma duração. Não adianta forçar um andamento rápido se não o fizer lento, o mais preciso quanto possível. O uso do metrônomo é indispensável!
diário
Outra coisa muito importante é manter a pressão do ar, mesmo enquanto a língua está na em contato com a palheta. Isso porque se gasta muito mais ar para colocar a palheta em vibração diversas vezes (no caso do estaccato), do que para sustentar a palheta vibrando a partir de um sopro inicial (no caso nas notas longas e legato). Todo o segredo está aí.
Você vai notar também que existe uma grande diferença quanto à dificuldade de execução nos diferentes registros da clarineta, e nossa meta é deixar o staccato uniforme. Comece em 60 no metrônomo, vá aumentando progressivamente, e quando sentir que o andamento está já ficando confortável, passe para o outro exercício. Com o aumento da velocidade, começa a aparecer mais uma dificuldade: a respiração. Procure respirar a cada dois compassos, entre o último tempo do compasso, e o primeiro do próximo. Não ceda à tentação de "comer" algumas notas para respirar!! Essa é mais uma dificuldade a ser superada. Tente praticar com uma boa postura e de forma bem relaxada. Não fique mais de 15 minutos repetindo esse treino, pois a língua, como qualquer músculo, começa a se fatigar. Faça pausas. Ao longo do tempo você conseguirá maior resistência. Lembre-se de que o indicador para aumentar o andamento ou trocar de exercicio é sempre a qualidade. Bons Estudos!!


Fonte:
Michel Moraes é clarinetista e tem atuado em várias formações, tais como o Quinteto Madeira de Vento, Orquestra Sinfônica de Santos, além de grupos de jazz e rodas de choro.

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